Description:
A proposta do trabalho foi comparar de que forma são descritas a língua portuguesa e a
língua espanhola no Brasil e na Argentina, respectivamente. Para tanto, analisamos as
gramáticas de maior circulação no âmbito acadêmico brasileiro e argentino. O corpus foi
selecionado nos programas de estudo dos cursos de Letras das faculdades mais
reconhecidas da Argentina e do Brasil. Foram analisadas três gramáticas argentinas e três
gramáticas brasileiras. Nosso intuito foi identificar as correntes linguísticas que
fundamentam estas gramáticas. O estudo mostra, aproximativamente em um corpus
reduzido, quais as teorias linguísticas empregadas na hora de sistematizar, descrever,
normatizar e pensar a língua portuguesa e espanhola no Brasil e na Argentina,
respectivamente. Entendemos as gramáticas como documento sócio-histórico, como
gênero tal como entendido na corrente do interacionismo sócio-discursivo. As gramáticas
foram contextualizadas e interpretadas à luz da Análise do Discurso centrando-nos na
heterogeneidade própria dos textos: a intertextualidade e o interdiscurso. Constatamos que
as gramáticas foram concebidas de formas bem variadas na Argentina e no Brasil, já que
respondem a diferentes problemáticas linguísticas. Para estes diferentes escopos foram
mobilizados diferentes baseamentos teóricos. No caso do Brasil, se delineiam: o
estruturalismo pós-saussureano em duas gramáticas e o formalismo gerativista em outra.
Nas gramáticas argentinas predominou o formalismo: um formalismo mais gerativista em
duas gramáticas e um formalismo funcionalista em outra.